EUA: Militares e polícias treinam contenção de motins sociais relacionados com crise económica.

Exercícios militares e policiais para conter potenciais revoltas populares provocadas pelo crescente empobrecimento da população estão actualmente em curso, em várias regiões dos Estados Unidos.

Nas últimas semanas, diversos especialistas alertaram para o perigo de um “Verão de Raiva” em solo americano, face ao agravamento da crise económica e da subida em flecha do desemprego. Os sinais de militarização do quotidiano norte-americano não páram de aumentar.

Entre os dias 27 de Janeiro e 8 de Fevereiro, 150 soldados do Comando de Operações Especiais dos EUA participaram num exercício antiguerrilha urbana, com helicópteros militares, armas automáticas e explosivos. A Associated Press noticiou que as autoridades o descreveram com “um treino cuidadosamente planeado e seguro.”

A Guarda Nacional de Iowa foi obrigada a suspender um exercício militar programado para Abril, em Arcadia, devido aos protestos dos cidadãos que temem estar em curso a “preparação da imposição da lei marcial” em alguns estados norte-americanos e uma operação em larga escala para desarmar a população.

O assunto tem sido amplamente noticiado em muitos blogues mas ignorado pelos chamados “media de referência”. Num deles -LewRockwell.com – o exercício em Iowa destinava-se a “recolher informação, procurar e deter um negociante de armas suspeito”. O autor identifica o sargento Mike Kots, da Guarda Nacional, como fonte da informação.

No dia 9 de Janeiro, em Richmond, Virgínia, cerca de 2.000 marines – fuzileiros navais e tropas especiais aerotransportadas – iniciaram um treino de duas semanas que envolveu o desembarque de tropas em zonas populacionais. O jornal Richmond Times Dispacht confirmou tratar-se de um “exercício antiguerrilha urbana” para, entre outros objectivos, “familiarizar os pilotos” dos helicópteros com o terreno.

Estas operações militares, que as autoridades negam ter como objectivo o desempenho de missões policiais em solo norte-americano, foram divulgadas em Setembro de 2008, na edição online do periódico militar Army Times. “A partir de 1 de Outubro e durante 12 meses a 1.ª Brigada de Combate [da 3.a Divisão de Infantaria] ficará sob as ordens do Comando Norte (NorthCom), enquanto unidade de resposta a solicitações federais relacionadas com desastres ou emergências, naturais ou provocadas artificialmente, incluindo ataques terroristas.” O boletim electrónico refere que “a nova missão assinala a primeira vez em que foi atribuída a uma unidade no activo a execução de tarefas exclusivamente sob o comando do NorthCom.”

Na edição de 1 de Outubro de 2008, o jornal electrónico Homeland Security Today, da agência estadunidense responsável pela segurança interna, noticiou que “o comando militar americano encarregado de proteger o território continental dos Estados Unidos começou a constituir a sua primeira unidade exclusiva, para dar resposta a ameaças químicas, biológicas, radiológicas, nucleares e explosivas”.

Em Janeiro de 2010, a organização federal dos presidentes de câmara – United States Conference of Mayors – publicou um extenso documento (344 páginas em PDF) ilustrativo da militarização da sociedade norte-americana e das estruturas de protecção e defesa civis. A lista dos equipamentos solicitados pelos autarcas ao governo federal, para a execução dos programas de segurança pública, fornece abundante informação.

As exigências dos mayors norte-americanos ascendem a centenas de milhões de dólares e incluem, entre outros, uma vasta parafrenália de material militar antiguerrilha, sistemas de vigilância, armamento, sofisticados equipamentos de telecomunicações e veículos blindados.

A lista foi apresentada numa altura em que a 92% dos governos estaduais estão com graves problemas financeiros ou perto da bancarrota.

Fonte: MRA_ALLIANCE

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