COVID-19: O Big Brother A Caminho?

No seu romance 1984 , publicado em 1949, George Orwell imaginou o que seria a experiência de viver num estado totalitário. O personagem principal, Winston Smith, era membro do Partido Exterior, um estrato inferior do Socing – o partido político totalitário que controla o super estado fictício da Oceânia.

Os membros do Partido Exterior estavam sujeitos aos desígnios do Partido Interior – o estrato superior do Socing, constituído pelos altos funcionários, que usufruíam de todos os luxos e eram, por essa razão, absolutamente leais ao partido.

Vestiam-se de uniforme azul, todos iguais, por forma a eliminar a sua individualidade. Os seus filhos eram incitados pelo Partido Socing a denunciar os pais. Para o partido, tratava-se de um acto heróico que devia ser enaltecido.

O partido Socing perseguia o individualismo e a liberdade de expressão como “crime de pensamento”.

Esta repreensão era assegurada pela “Polícia do Pensamento”. A própria língua era modificada, por forma a ser reposta pela novilíngua.

Esta nova língua não surgia pela criação de novas palavras; condensavam-se ou removiam-se alguns sentidos das palavras antigas, com o propósito de restringir o escopo do pensamento humano.

Winston trabalhava no Ministério da Verdade, que se ocupava das notícias, dos divertimentos, do ensino e das belas-artes. Aqui, reescrevia permanentemente a história, eliminando anteriores edições de jornais e reescrevendo-as quantas vezes necessárias, de acordo com as directrizes do partido.

O passado estava sujeito a permanentes actualizações, garantindo a infalibilidade de todas as previsões do partido Socing.

A casta inferior da sociedade, denominada Prole, considerada irrelevante pelo partido Socing, era mantida satisfeita através de álcool barato, pornografia, música e romances de baixa qualidade.

Não tinha consciência de classe, nem tão pouco estava sujeita a qualquer vigilância; ao contrário do que acontecia com Winston, membro do partido exterior, sujeito a uma vigilância permanente, através de telecrãs em todos os locais, incluindo as divisões interiores das casas.

No topo da pirâmide do estado encontrava-se o Grande Irmão (Big Brother).

Ninguém sabia se na verdade existia; no entanto, cartazes com o seu rosto encontravam-se por toda a parte, com a legenda: “O Grande Irmão está a ver-te”.

O estado da Oceânia, liderado pelo Grande Irmão, estava permanentemente em guerra, ora com a Euroásia ou a Lestácia, os outros dois estados existentes no mundo.

Ninguém sabia se a guerra efectivamente existia, mas todos os dias apareciam imagens nos telecrãs com esta realidade. Assim, o controlo da população pelo medo e o ódio ao inimigo era assegurado.

Winston era um inimigo do partido Socing. A sua desgraça seria apaixonar-se por Júlia, igualmente um membro do Partido Exterior e inimiga do partido Socing, e pensar que a vigilância exercida pelo Partido Interior era menor do que imaginava.

Ambos, acabariam por ser apanhados, torturados e reeducados. Em resultado de tudo isto, tornaram-se totalmente subservientes à tirania do estado.

Winston, no fim, declara o seu eterno amor ao Grande Irmão.

Em Setembro de 2019, o planeta terra é liderado por um cartel bancário. Na parte inferior, os bancos comerciais, na parte superior, os bancos centrais. No topo da pirâmide encontra-se a Reserva Federal, o banco central norte-americano.

Ao contrário da plebe, que vai de imediato parar ao cárcere caso o tente, podem imprimir dinheiro do “ar” e de forma indiscriminada há quase 50 anos. Utilizam sempre as mesmas razões para o fazer: estímulos à economia, combater a baixa inflação e o desemprego.

São sempre boas razões. Nós, os cidadãos, actuamos sempre a pensar no mal; eles, ao contrário, pensam sempre no nosso bem.
Em cada crise, causada por eles mesmos, em virtude do excesso de crédito e manipulação de taxas de juro, aplicam sempre a mesma receita, mas com doses necessariamente crescentes.

Em Setembro de 2019, surgia, uma vez mais, uma nova crise: o mercado interbancário norte-americano tinha um problema de liquidez. Para um banco obter crédito neste mercado, vende um valor mobiliário de elevada qualidade, uma obrigação do tesouro norte-americano por exemplo, a outro banco, obrigando-se a recomprar dois ou três dias depois a um preço superior, caso o juro praticado seja positivo.

Por essa razão é conhecido pelo mercado Repo (Repurchase Agreement) – a garantia do crédito obtém-se por acordo de recompra. Nesse momento, chegou-se a praticar juros anualizados de 10%, indicando que algum dos membros participantes deste mercado poderia estar em risco de falência.

Como sempre acontece, o banco central norte-americano apareceu a fornecer liquidez, um eufemismo para designar o acto de imprimir dinheiro do “ar”, pelo montante de 500 mil milhões de USD entre Setembro e Dezembro de 2019.

Apesar deste “pequeno esforço”, algo que há apenas 10 anos poderia significar o fim do mundo, o problema parecia não ter solução.

Além disso, tinha sido prometido que os três anteriores programas de injecção de liquidez, os pomposamente denominados Quatitative Easing – compra de activos financeiros por contrapartida de dinheiro emitido do “ar” -, seriam temporários; a sua reversão era inclusive considerada.

Era então necessário algo excepcional, que mantivesse a euforia da bolsa de valores norte-americana que durava há mais de 11 anos.

Surge então um vírus na China. Segundo as imagens divulgadas, os infectados caíam mortos pelas ruas de Wuhan – o bicho actuava de forma fulminante!

Para os recolher, apareciam homens com uma indumentária Chernobyl. Aparentemente, o bicho era de um perigo sem precedentes.

Entretanto, em Itália aparecem imagens com imensos caixões, vítimas do terrível vírus. A crise estende-se a Espanha. Era necessário aplicar algo inédito na história da humanidade: confinar pessoas saudáveis.

Proibir o direito de deslocação; proibir o direito de trabalhar; proibir o direito de empreender. Em resumo: destruir a vida das pessoas.

Apesar de tudo, para alguns, umas férias antecipadas estavam no calendário; os seus líderes, obviamente com o rendimento garantido ao final do mês, apareciam todos os dias nos telecrãs a apelar às pessoas para ficarem em casa: tudo ia terminar bem!

Estava criado o cenário perfeito.

O partido podia agora apelar à impressão massiva de dinheiro, em resposta a tal catástrofe humanitária e económica. Entre Setembro de 2019 a Junho de 2020, a Reserva Federal imprimiu aproximadamente 3,5 biliões de USD (ver Figura 1).

Com esta intervenção, sem paralelo, apenas a bolsa norte-americana recuperou em “V”, enquanto milhões de norte-americanos faziam fila para o desemprego.

Apesar de tudo, a recuperação dos anteriores máximos do S&P 500 em Fevereiro de 2020 não foi uniforme; desta vez, apenas um conjunto de empresas parece estar a beneficiar destes estímulos monetários; talvez os membros do Partido Interior da nossa história.

Como podemos observar na Figura 2, apenas seis empresas, Facebook, Apple, Amazon, Netflix, Google e Microsoft, as de maior capitalização bolsista, sobem mais de 50% no presente ano; enquanto as restantes 494 empresas, constituintes do índice S&P 500, perdem, no seu conjunto, em termos de capitalização bolsista, -2%.

Os membros do Partido Interior nunca enriqueceram tanto e tão rápido. O mais icónico de todos, talvez o líder da Tesla, que não faz parte do índice S&P 500. A sua empresa é a que vale mais entre as suas congéneres, apesar de ser a que menos vende!

Tudo isto, uma cortesia do banco central norte-americano; com a sua máquina de imprimir dinheiro, realiza autênticos milagres. Até a Virgem Fátima ficaria estupefacta!

No presente ano, as acções da Tesla sobem mais de 400%; nem a loucura da Tulipa Negra no século XVII atingiu tais proporções!

Para que ninguém se aperceba nem discuta este verdadeiro assalto a favor dos membros do Partido Interior, era necessário recorrer a uma propaganda sem paralelo, tornando a mentira verdade e a verdade mentira.

Também havia que atacar os desalinhados, em particular a Suécia – o único país que não adoptou esta loucura. Segundo nos dizem, o bicho matou muito e a Suécia foi seriamente prejudicada por não alinhar na “receita”.

Vejamos então o que efectivamente aconteceu, não sem antes alertar que todos estes dados podem ser obtidos aqui (população; óbitos), bastando aos funcionários do Ministério da Verdade somar, subtrair, multiplicar e dividir, algo aparentemente difícil nos dias que correm.

Tal como podemos observar na Figura 5, entre a semana 45 (início de Novembro) e 52 em 2019 e a semana 1 a 26 (final de Junho) de 2020, faleceram 31 mil pessoas com menos de 70 anos em Portugal. Tendo em conta uma população de 8,6 milhões, representa uma taxa de mortalidade de 35,8 óbitos por cada 10 mil habitantes.

Como podemos observar, trata-se da mais baixa taxa de mortalidade dos últimos 20 anos!

Em relação à Bélgica, a maior desgraça Covid por milhão de habitantes, apresenta a segunda mais baixa taxa de mortalidade dos últimos 20 anos!

A Espanha, o país que deu a conhecer ao mundo Tomás de Torquemada, onde pululam todos os dias vários candidatos a superá-lo, com um confinamento onde apenas se podia passear o cão, onde existia e existe obrigatoriedade do uso de máscara em praticamente todas as situações, apresenta um crescimento substancial da taxa de mortalidade.

Apenas nos períodos anteriores a 2005/2006 se tinha registado uma tal taxa de mortalidade.

Em relação a Itália, o país onde há meses trens militares carregavam uma quantidade inimaginável de caixões de vítimas Covid-19, regista a segunda mais baixa taxa de mortalidade dos últimos 5 anos.

O Patinho Feio Suécia regista a segunda mais baixa taxa de mortalidade dos últimos 20 anos!

No caso da Dinamarca, tal como Portugal, apresenta a mais baixa taxa de mortalidade dos últimos 20 anos!

Existem apenas duas possibilidades:
(i) o vírus não mata e estamos perante um enorme embuste;
(ii) se o bicho mata, as causas de morte derivadas de outras doenças diminuíram inexplicavelmente no presente ano – ainda ninguém logrou esclarecer-nos.
Parece que aos funcionários do Ministério da Verdade também não interessa esclarecer.

Importa referir que a Suécia tem o melhor sistema de saúde deste grupo, com a menor taxa de mortalidade. O espantoso de tudo isto, segundo as nossas luminárias, os senhores da Suécia não percebem nada disto!

Vamos agora analisar o grupo etário com idade igual ou superior a 70 anos: aquele que efectivamente deve ser protegido, em lugar de se lhes proibir visitas e abandoná-los à sua sorte, provocando-lhes a morte por negligência, em nome de um perigo que não existe!

Em relação a Portugal, mais uma vez, a conclusão é surpreendente: a mais baixa taxa de mortalidade dos últimos 20 anos!

Em relação à Bélgica, ocorreu uma subida expressiva da taxa de mortalidade, no entanto, em 2014/2015 o seu valor tinha sido superior e ninguém decidiu prender a população e retirar-lhe todos os direitos.

Uma vez mais, Espanha não constitui exemplo para ninguém. A taxa de mortalidade disparou para este grupo etário, com valores nunca vistos, apenas em períodos anteriores a 2005-2006 se tinha registado tal desempenho.

Em Itália, onde o pânico se iniciou na Europa, apresenta uma taxa de mortalidade inferior a 2016-2017. É realmente surpreendente!

A Suécia, a desalinhada, apresenta a segunda mais baixa taxa de mortalidade dos últimos 20 anos. É realmente uma desgraça tal país, onde o sistema de saúde apresenta tal desempenho!

Por fim, a Dinamarca: a mais baixa taxa de mortalidade dos últimos 20 anos!

Em conclusão (ver Figura 18), a Suécia, onde não se praticou o confinamento, onde não se fecharam escolas, onde a máscara não é obrigatória, apresenta os melhores resultados globais, demonstrando à sociedade o desastre das medidas adoptadas até ao momento em vários países.

Por outro lado, nos países onde a população foi sujeita a uma autêntica tirania, foram os que apresentaram resultados desastrosos, como foi o caso da Bélgica e Espanha, que passaram a registar uma taxa de mortalidade para o grupo etário com idade igual ou superior a 70 anos pior que Portugal, onde existam os piores indicadores de desempenho deste grupo, no que respeita à taxa de mortalidade global da população.

Com os valores apresentados pelo sistema de saúde da Suécia, é inevitável dar atenção ao que têm para nos dizer, em lugar de tentar, por todos os meios, ocultar ou reescrever a verdade do que se passou até ao momento.

Aparentemente, todos os dias, os funcionários dos telecrãs tentam distorcer os factos e a verdade.

Esta semana, o líder para a área da epidemiologia do estado Sueco, afirmava: “As conclusões que foram produzidas em relação ao uso de máscaras faciais são surpreendentemente fracas”. Não se ficou por aqui, igualmente afirmando: “o uso de máscaras é perigoso”.

Mas para o Partido Interior nada disto interessa. Também não é relevante que todos os países nórdicos e a Holanda não obriguem os seus cidadãos a usar máscara, onde o desempenho do sistema de saúde é muito superior aos demais.

O importante é eliminar a nossa individualidade, tal como no romance 1984 de George Orwell, impondo-se igualmente tal paranóia às crianças nas escolas.

Os telecrãs também não referem o último documento da OMS (Organização Mundial de Saúde) a respeito, apesar desta organização estar ao serviço do Partido Interior.

Neste estudo afirma-se: “A evidência sobre os benefícios e danos sobre o uso de máscaras por parte de crianças para mitigar a transmissão do Covid-19 é limitado; Outros estudos encontraram evidências de algum efeito protector…mas sem consistência em crianças com menos de 15 anos.”

As evidências não interessam, o que importa é colocar crianças numa sala de aula onde a comunicação facial deixa de existir.

A expressão do rosto, algo determinante para a existência de um bom ensino, deixará de ser uma realidade. As crianças serão o futuro exército do Partido Interior.

A guerra ao vírus continua a ser propagada nos telecrãs, todos os dias, sem cessar.

Recorre-se a uma novilíngua, através de novas expressões.
Uma delas: Assintomático. Trata-se de alguém que não tem sintomas, mas está infectado!

Na nova realidade, para se ser doente não é necessário apresentar sintomas, basta um teste positivo, sem qualquer verificação posterior, para estar doente; apesar de carregar um simples vírus que persegue a humanidade há mais de 100 mil anos.

Outra expressão recente: o surto de casos. Trata-se de um crescimento diário de “infectados” que serve para difundir e manter o medo sobre a população: ele vem aí, de novo, a guerra não irá terminar tão cedo, temos de estar vigilantes!

Todos os dias, a informação dos telecrãs é transmitida de forma parcial.

Invariavelmente, aparece um mínimo diário de dois óbitos atribuídos ao Covid-19, mas nunca se menciona a idade dos mesmos. Compreende-se, se ficássemos a saber que estes dois cidadãos, que infelizmente nos abandonam, tinham idades iguais ou superiores à esperança média de vida iria diminuir o efeito: manter o medo é indispensável, a morte pode acontecer a qualquer um!

A tirania é imposta pela eliminação de direitos e garantias.

Em alguns casos, decreta-se a prisão ilegal. O tribunal constitucional chegou a considerar que as pessoas que foram sujeitas a estas prisões ilegais viveram uma situação pior que a de um recluso; as palavras do acórdão são esclarecedoras: “Cremos que qualquer cidadão perante este quadro não tem dúvidas em concluir que a liberdade que o requerente tem naquela situação em pouco difere da liberdade que tem um recluso que se encontra preso num estabelecimento prisional. Que tem mais conforto, melhores condições, sem dúvida; maior liberdade de circulação, aí parece que a vantagem pende para o recluso.”

A nova realidade do Partido Interior também não respeita os direitos humanos.

Na Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, da Unesco, no seu artigo 6º, número 1, afirma-se: “Qualquer intervenção médica preventiva, diagnóstica e terapêutica só pode ser realizada com o consentimento prévio, livre e informado do interessado, fundamentado em informação adequada. O consentimento deve, quando apropriado, ser expresso e pode ser retirado pela pessoa em questão a qualquer momento e por qualquer motivo, sem desvantagem ou preconceito.”.

O que temos?

A vacinação obrigatória a caminho, numa realidade em que muitos países permitem a eutanásia aos seus cidadãos.

Aqui não há soberania sobre o corpo: levas com a vacina, apesar da mesma ter sido criada em poucos meses e sem apresentar quaisquer evidências que a mesma seja necessária, face ao número global de óbitos até então.

Tal como a guerra com a Euroásia ou a Lestácia, a guerra ao vírus também se realiza com exércitos reais, com soldados a sério, se necessário com recurso à repressão violenta dos cidadãos. O ambiente de guerra deve ser permanente, por forma a que os novos tiranos usurpem mais poder e nos retirem direitos.

Até dançar querem proibir, tal como os talibãs faziam no Afeganistão.

Tal como ocorria no superestado fictício da Oceânia, a vigilância dos cidadãos é permanente. Alguns solicitam dados às operadoras para controlar os nossos movimentos.

Outros, desenvolvem aplicações para rastrear os “infectados” pelo bicho. Outros, emitem cartões com dados de identificação, claro está, de uso obrigatório para conhecer movimentos dos cidadãos em locais de ócio.

Agora, ameaçam fazer desaparecer o dinheiro físico, por forma a conhecer todos os nossos movimentos: onde comemos, que livros compramos, onde nos deslocamos, que hábitos e preferências temos.

Se necessário, vão poder impor taxas de juro negativas, confiscando-nos tudo o que produzimos, transferindo todos os nossos recursos para os membros do Partido Interior.

Através dos telecrãs, eles vão ditar-nos como nos devemos comportar, que negócios nos são permitidos, que comportamentos morais nos são permitidos; nada irá ficar livre do seu controlo, planeamento e arbítrio.

No futuro, até o que pensamos!

Em definitivo, George Orwell apenas se enganou no nome do seu livro, deveria ter sido: 2020.

Isto só pode piorar!

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