Mais de 950 milhões de pessoas padecem de fome no mundo segundo dados oficiais da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação. Mas, esta realidade coexiste de forma paralela a outra: a inacreditável quantidade de alimentos jogados no lixo diariamente em todo o planeta.
Uma cifra: “o alimento desperdiçado durante um ano somente no Reino Unido e Estados Unidos poderia acabar com a fome no mundo”. Essa é a conclusão à que chegou o estudioso Tristram Stuart: descobrindo o escândalo global de alimentos, que assegura que usou dados oficiais, incluíndo estatísticas das Nações Unidas.
As fatias perdidas
Como se desperdiça comida? Stuart conta um exemplo: Os supermercados não gostam de fazer seus sanduíches com as fatias externas de um pão. Visitei uma fábrica que fazia sanduíches para uma cadeia de supermercados e todos os dias deitavam 13 mil fatias de pão no lixo”.
Ele também fala de frutas e verduras que mesmo estando em perfeito estado por terem um pequeno corte ou aspecto depreciável tem o mesmo destino. O pesquisador afirma que “há supermercados que não admitem maçãs que não tenham uma determinada cor ou combinação de cores entre o vermelho e o verde”.
Stuart aponta às grandes redes de supermercados como as grandes responsáveis pelo desperdício de alimentos, mas não se esquece dos pescadores, agricultores, empresas que trabalham com alimentos e nem também do cidadão comum. Assegura que “no Reino Unido as famílias jogam no lixo um quarto da comida que compram”.
Em busca de soluções
Tom MacMillian, diretor executivo de Food Ethics Council, uma organização britânica que promulga uma política alimentícia sustentável, disse que “é escandaloso que desperdicemos tanta comida. Completamente desnecessário”. Mas também diz optimista que uma mudança está a acontecer: “Estamos a ver alguns supermercados mais flexíveis com os padrões de qualidade, que ainda há que avançar muito mais”.
Falando de soluções, Tristram Stuart considera que “há muitas e singelas”. Conta que no Reino Unido e Alemanha há supermercados que cedem a organizações que trabalham com pessoas pobres, parte dos alimentos que, até bem pouco tempo, eram jogados no lixo. “Há 5 anos isto quase não sucedia, mas agora há muitas redes que se propõem a fazer isto”, assegura.
Um dos problemas, indica, é que “os supermercados não dizem quanto alimento desperdiçam. Os governos deveriam obrigá-los, já que se publicassem seriam obrigados a reduzir estas cifras pela pressão da opinião pública”. MacMillan vai além e conclui que a solução passa por “um estilo de vida mais sustentável. Em todos os aspectos”.
– Há mais de 900 milhões de pessoas desnutridas no mundo.
– 11 mil crianças morrem de fome a cada dia.
– Um terço das crianças dos países em desenvolvimento apresentam atraso no crescimento físico e intelectual.
– 1,3 bilhão de pessoas no mundo não dispõe de água potável.
– 40% das mulheres dos países em desenvolvimento são anêmicas e encontram-se abaixo do peso.
– Uma pessoa a cada sete padece fome no mundo.
Este video é mais actual, pois o original foi eliminádo.
Quando um País vive numa situação de miséria, podemos dizer que, praticamente, todas essas causas estão agindo ao mesmo tempo e estão na origem da fome das seus habitantes. Algumas delas dependem da situação do País, como o regime de monocultura, os conflitos armados e as desigualdades sociais. Elas serão eliminadas, quando e se o mesmo País conseguir um verdadeiro desenvolvimento. Mas outras causas já não dependem do próprio país em desenvolvimento, e sim da situação a nível internacional. Refiro-me às condições desiguais de troca entre as várias nações, à presença das multinacionais, ao peso da dívida externa, etc.
Isso quer dizer que os países em desenvolvimento, não conseguirão sozinhos vencer a miséria e a fome, a não ser que mudanças verdadeiramente importantes aconteçam no relacionamento entre essas nações e as mais industrializadas.
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