Por que razão a filosofia e a prostituição (não) são a mesma coisa?

Vamos lá ver se a filosofia se aguenta…

Perguntaram-me se a filosofia e as prostituição são a mesma coisa.

Uma pergunta difícil mas pertinente. Começa actualmente a tornar-se evidente que é justamente deste tipo de questões que deve tratar a epistemologia.

Toda a teoria do conhecimento que aspire a uma boa demarcação epistémica deverá definir-se através de metáforas deste género, metáforas que possam ser entendidas pelo “senso comum” da população em geral. Aliás, o próprio uso do conceito de metáfora já é ele próprio metafórico, pois, em boa verdade, as fusões entre discursos revelam-se quase sempre literais nos dias que correm. E repare-se que, ao afirmar tudo isto, não estou a constatar nada de novo: O pós-modernismo é, todo ele, uma manifestação desta tendência transdisciplinar. Combate-se a especialização técnica… combate-se a hegemonia social dos discursos… esbatem-se as antinomias e as dicotomias… proclama-se que tudo é manifestação do mesmo… enfim…

Pois então vejamos: Prostitutas e filosofia… onde poderemos nós encontrar a tal transversalidade entre estas duas modalidades? Ou, invertendo a questão, onde estão afinal as diferenças?

Antes de mais, constata-se que são ambas modalidades de negociação de um valor social… no primeiro caso, o sexo… no segundo caso, as ideias.

Haverá então diferença entre sexo e ideias? É claro que existe a ideia do sexo, assim como também há sexo com ideias – os exemplos seriam imensos – mas isto não responde à nossa questão. Também há bom e mau sexo, e alguns pensadores continuam a acreditar que há boas e más ideias… mas não são ainda similitudes que nos satisfaçam.
Finalmente, restam ainda os objectivos de cada uma destas modalidades.

Qual é o objectivo do sexo? E o das ideias?

Pelo menos no caso do sexo a resposta é evidente: o prazer. Mas será também esse o objectivo das ideias? Há gente que gosta de pensar que sim. Conheço uns quantos filósofos convencidos de que filosofam pelo simples prazer de filosofar. Claro que esses não são verdadeiros filósofos… são meros indivíduos com fraca inteligência intrapessoal.

Na verdade, o objectivo das ideias é justamente, precisamente, o sexo! Repare-se uma vez mais que também esta afirmação não é nova. Já Darwin tinha compreendido que a maior arma de pavoneamento do humano é o intelecto. Por outras palavras, as tipas em geral gostam de gajos inteligentes! (Não sei se me atrevo a afirmar o inverso…)
Ou seja, o objectivo das ideias – e, por arrasto, também da filosofia – será o sexo, e o objectivo do sexo, esse sim, será o prazer. Filosofia – sexo – prazer. Eis a sequência do dominó.

Conclusões:

(1) O sexo é o que resta da filosofia quando reduzimos esta última à sua máxima pureza.
(2) Os filósofos são burocratas do prazer.
(3) A prostituição é filosofia sem tangas.
(4) Prostituição e filosofia, no contexto alargado da pulsão humana, fazem parte da mesma hierarquia. Simplesmente, a prostituição arreda caminho.
(5) Os filósofos gostam de prostitutas.

Já agora acrescento: Isto é tudo relativo!

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