A eleição de Barack Obama levantou uma discussão: se o maior país do mundo escolheu um negro como líder, não seria altura da maior religião também ter um?
Com a eleição de um presidente negro nos Estados Unidos, país marcado por conflitos raciais, o mundo se pergunta quando uma outra instituição terá um líder negro: o Vaticano. Será que falta muito para um negro ser ordenado Papa?
O posto de líder da Igreja Católica tem sido predominantemente ocupado por europeus, sobretudo italianos. Os últimos dois pontífices não nasceram na Itália, mas eram europeus. João Paulo II era polaco e o atual, Bento XVI, é alemão.
Até hoje, o negro mais próximo de se tornar o líder da Igreja foi o cardeal nigeriano Francis Arinze, que perdeu a eleição para Bento XVI e anunciou sua reforma.
Arinze sempre se destacou no Vaticano. Ele foi o mais jovem bispo do mundo, aos 33 anos, e foi membro do Segundo Conselho do Vaticano, grupo que ditou as novas diretrizes para a Igreja, e durou de 1962 a 1965.
O cardeal reformou-se aos 76 anos, depois de ser, nos últimos seis anos, presidente da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
Não são apenas os negros que não encontram espaço na chefia do Vaticano. Asiáticos e latino-americanos também estão ansiosos para ver um Papa nascido em seu continente. Mas se a escolha refletir a configuração do Colegiado de Cardeais, o Papado permanecerá nas mãos de alguém nascido no Velho Continente.
Dos 116 cardeais elegíveis – a regra estipula que os religiosos acima de 80 anos não podem se tornar Papa –, metade é composta por europeus, 20 somente da Itália. Outros 20 são latino-americanos, 16 norte-americanos e canadenses, 11 asiáticos e 9 africanos.
A África tem sido cotada como o próximo continente sem ser o europeu a ter um Papa ordenado por causa do grande crescimento da religião na região. O continente tem se tornado em uma fonte de padres enviados aos Estados Unidos e Europa por conta da diminuição de religiosos nesses lugares. A América Latina, que sempre lutou por um Papa, enfrenta um outro problema: o crescimento das igrejas evangélicas.
Esse é também um grande obstáculo para a Igreja no Brasil, considerado o maior país católico do mundo. Em 2005, quando o conclave escolheu Bento XVI, um outro forte candidato ao Papado era o brasileiro dom Cláudio Hummes, um dos preferidos de João Paulo II. Hummes tem 74 anos e sua chance de ser eleito Papa depende da longevidade de Bento XVI.
Se os esforços do atual Papa tiverem reflexos na escolha do sucessor, o mundo deverá ter novamente outro Sumo Pontífice europeu. O grande foco de Bento XVI, até o momento, tem sido a reestruturação do catolicismo tradicional na Europa, berço histórico da Igreja.
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