Camarões químicos !

Nos últimos 10 anos o consumo de camarão aumentou 300% nos Estados Unidos, Europe e Japão. Mais de 4 milhões de toneladas são vendidos cada ano no mundo.

Para satisfazer um tal mercado, cerca de 90 % do camarão consumido é produzido em aquacultura na qual são aplicados um quantidade incrível de produtos químicos.

Em valor, o camarão é o primeiro produto maritimo que circula nos mercados internacionais, à frente do atum e do salmão. 90% da produção de camarão situa-se na Asia. A Tailândia é o principal produtor, mas também existe uma importante produção nas Filipinas, na Indonésia, na India, no Vietnam e na China. A restante produção vem do Equador, do Peru e do México.

Químicos e mais químicos…

Em setembro de 2002, foi descoberto nitrofurano (um antibiótico) em camarão proviniente da Tailândia com destino ao Reino Unido. Em setembro de 2004, 9% das amostras de camarão importodo analisadas na Luisiana, nos Estados Unidos, continham outro antibiótico, o cloranfenicol. Estes e outros antibióticos são administrados aos camarões para prevenir as infecções frequentes devido ao número elevado de animais num pequeno espaço.

Para aumentar o tempo de conservação são adicionados benzoatos, sorbatos e outros sulfitos. Cloro, insecticidas, pesticidas (paratião, malatião,…), fungicidas, algicidas, são alguns dos químicos utilizados para combater e prevenir os vários agentes infecciosos susceptíveis de atingir a aquacultura.

Também são usados corantes para conferir aos camarões uma cor mais atraente, conservantes para não escurecerem e lavados com lexívia antes de serem exportados para matar qualquer eventual bacilo.

Camarão e ecologia.

Além destas substâncias serem potencialmente perigosas para a saúde humana, a aquacultura não parecer ser uma solução ecológicamente sustentável dado que são necessárias para a alimentação em média 90 toneladas de peixe, sob a forma de farina, para produzir 30 toneladas de camarões.

As instalações de aquacultura de camarão destroem grandes superficies de mangal que representa um ecosistema único de transição entre os ambientes terrestre e marinho. A Tailândia o primeiro produtor mundial de camarão já terá destruido 70% das suas florestas de mangal.

Cada hectare desta aquacultura produz 8 toneladas de detritos por ano, a poluição é tal que na sua proximidade a água potável é imprópria para consumo ou para a rega.

Camarão selvagem versus aquacultura.

A solução seria comer camarões selvagens? Do ponte de vista alimentar sem dúvida que essa será a solução, mas do ponto de vista ecológico não.

Sem contar com o facto que, actualmente a pesca não é suficiente para abastecer o mercado mundial, a pesca de camarão é das mais destructivas. Por cada quilo de camarão pescado, 10 a vinte quilos de tartarugas, tubarões e inúmeros peixes sem valor comercial são sacrificados e atirados ao mar.

Uma solução seria a produção de camarões em aquaculturas biológicas com impacto reduzido nas florestas de mangal, produzidos em tanques com um número limitado de animais, sem o recurso a químicos e alimentados com farinhas de peixe (a de origem em animais terrestres é proibida) e vegetais de origem controlada (sem OGM).

Apesar de mais caros e da dificuldade em controlar todos os passos desta aquacultura em certos países em via de desenvolvimento, estas poderão ser as condições para continuar a desfrutar saudavelmente do marisco que comemos.

Fonte: mescoursespourlaplanete.com

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