Legislação sobre o tema deve ser colocada em vigor imediatamente, segundo entidade
COMUNICADO OFICIAL DO CENTER FOR GENETICS AND SOCIETY
As notícias de que os pesquisadores da Oregon Health and Science University (OHSU) produziram com sucesso células-tronco embrionárias humanas evidencia a ausência de políticas públicas nos EUA ligadas à clonagem reprodutiva.
O anúncio de hoje suscita preocupações porque a clonagem para fins de pesquisas envolve a mesma técnica que seria o primeiro passo para a clonagem reprodutiva. Para fins de pesquisa, embriões clonados são usados para a produção de células-tronco; para fins reprodutivos, os embriões clonados seriam transferidos para um útero humano.
Cerca de 60 países proibiram a clonagem reprodutiva humana. Ela é também proibida por muitos acordos internacionais, incluindo a Convenção sobre Biomedicina e Direitos Humanos do Conselho da Europa.
Os Estados Unidos não fazem qualquer proibição à clonagem reprodutiva humana . O governo federal deve aproveitar esta oportunidade para criá-la.
“Esta notícia deve alertar os legisladores e órgãos reguladores norte-americanos”, disse Marcy Darnovsky, PhD, diretora executiva do Center for Genetics and Society. “O momento para os Estados Unidos se juntarem a dezenas de países e proibir a clonagem reprodutiva humana é este”.
Em 2009, quando o presidente Barack Obama suspendeu as restrições para pesquisas envolvendo células-tronco embrionárias, ele disse que a clonagem reprodutiva humana “era perigosa, profundamente errada, e sem lugar em nossa sociedade e em qualquer sociedade”.
As autoridades reguladoras devem também exigir supervisão efetiva das atividades de clonagem para pesquisa, de forma a evitar esforços mal orientados ou não-autorizados no sentido de se usar embriões clonados para fins reprodutivos. “Se as equipes de pesquisa começarem a produzir embriões humanos clonados, precisaremos nos certificar de que rigorosos controles estão em vigor para evitar que cientistas ávidos por aprovação pela mídia tentem empregá-la para produzir um ser humano clonado”, disse Darnovsky.
Uma preocupação adicional sobre esta técnica é que ela exige óvulos e obtê-los é um procedimento invasivo que apresenta riscos pouco estudados e potencialmente graves para a mulher. A mais recente técnica de clonagem aparentemente emprega menos óvulos do que os procedimentos anteriores, mas um número significativo de mulheres jovens podem ser levadas a colocar sua saúde em risco para oferecer óvulos que seriam empregados como materiais de pesquisa.
O estudo conduzido pela OHSU relata alguns achados intrigantes sobre protocolos de recuperação de múltiplos óvulos, incluindo o fato de que certas drogas hormonais usadas para estimulação ovariana resultaram em ´”oócitos de qualidade subótima” e que óvulos de “qualidade premium” foram produzidos quando menos deles foram obtidos em um ciclo estimulado. Estes ajustes de protocolos-padrão foram realizados para que se obtivessem óvulos “otimizados” para a pesquisa, não para proteger as mulheres de efeitos adversos.
“Chega a ser irônico que o foco recaia sobre a qualidade dos óvulos, não sobre o bem-estar das mulheres”, disse Darnovsky.
O artigo da revista Cell sobre a nova técnica de clonagem não diz se alguns autores da pesquisa ficaram encarregados de supervisionar os processos de obtenção dos óvulos, o que poderia suscitar preocupações sobre potenciais conflitos de interesse.
Não fica claro se o estudo segue recomendações da Sociedade Internacional para Pesquisas com Células-Tronco que sugerem que “quando possível, o médico assistente ou clínico de infertilidade não devem ser a mesma pessoa que propôs realizar o estudo sobre os materiais doados”.
Fonte: geneticsandsociety.org
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